Continuando
nosso estudo sobre a formação histórica da Bíblia, nesta segunda parte
fixaremos nossa atenção sobre a formação histórica das Escrituras cristãs ou Novo
Testamento. Logo de início deve ficar bem claro que Jesus e seus primeiros
seguidores eram judeus, e como tais conheciam e usavam a Bíblia hebraica para
fundamentar seus ensinos e pregações. Os 27 livros que formam hoje Novo
testamento cristão eram apenas o "registro" dos
ensinos e ações de Jesus e de seus primeiros seguidores. Para eles
"Escritura sagrada" era somente a Bíblia hebraica. Os livros do Novo
testamento só foram incluídos nessa categoria muitos anos depois.
"Não temos nenhuma prova convincente de que a Igreja tenha nascido já dispondo de um cânone bíblico fixo (um Antigo Testamento), mas o precedente de uma Escritura sagrada já estava bem arraigada na comunidade judaica muito antes do nascimento de Jesus. [...] Os primeiros cristãos acreditavam que os desígnios e a vontade de Deus eram comunicados através da palavra escrita das Escrituras de Israel. À medida que foi se desenvolvendo, porém, a Igreja sentiu que, paralelamente ao uso das Escrituras que recebera como herança dos seus irmãos judeus, era muito importante adotar a sua própria coleção de escritos para fins de culto, instrução e testemunho" (MCDONALD, 2013, p.129).
O cristianismo primitivo em seus primórdios não possuía ainda um cânon bíblico fechado. Cânon vêm de
uma palavra grega que significa "regra", "norma" ou
"padrão", que é à coleção
de livros sagrados que constituem a regra de fé e prática do cristianismo.
Os livros que fazem parte dessa lista são considerados canônicos e são a base
fundamental para a construção do pensamento e da ética cristã.
Os que ficaram fora dessa lista são conhecidos como apócrifos (escondido), que em seu conteúdo há ensinos que foram considerados heréticos pelos cristãos. Mas por incrível que pareça alguns desses livros "excluídos" já foram considerados como Escritura sagrada por alguns cristãos. Como por exemplo, O pastor de Hermas e o Didaquê.
A principal autoridade religiosa para os primeiros cristãos não era um livro, mas a vida e os ensinamentos orais de Jesus. E os especialistas em estudos bíblicos concordam que foi somente a partir do século II d.C., que começou a se registrar escrituristicamente o que Jesus fez e ensinou. "O que Jesus disse e fez era em sentido muito real o "cânone" (autoridade definitiva) para os seus seguidores" (MCDONALD, 2013, p. 133).
Podemos supor que a ideia "sola scriptura" (somente a Escritura) tão defendida pela Reforma Protestante do século XVI, era algo estranho para os primeiros seguidores de Jesus. Já que eles ainda não tinham uma coleção fechada de livros sagrados.
Será que a Bíblia é realmente a Bíblia? Considerando o contexto histórico do cristianismo antigo, é possível afirmar que existiram várias Bíblias. Quando em um lugar não existe consenso sobre o que é ou o que não é "regra de fé", abre-se uma brecha para que um indivíduo ou grupo escolha (segundo a sua opinião) à literatura sagrada que mais lhe convenha ou agrade. Existiram vários evangelhos, várias epístolas ou cartas e vários apocalipses. Mas no meio de toda essa avalanche literária o que é verdadeiro ou falso?
Historicamente à primeira pessoa que tomou à iniciativa de criar um cânon bíblico cristão foi Marcion de Sinope, que foi considerado como "herege" pela liderança religiosa da Igreja antiga. É bom esclarecer que herege era um termo pejorativo que a Igreja dominante usava para desqualificar qualquer indivíduo que pensasse diferente dela. Ou seja, nem todos os que eram chamados de hereges poderiam ser considerados como tais. E provavelmente houve muitas injustiças!
Os que ficaram fora dessa lista são conhecidos como apócrifos (escondido), que em seu conteúdo há ensinos que foram considerados heréticos pelos cristãos. Mas por incrível que pareça alguns desses livros "excluídos" já foram considerados como Escritura sagrada por alguns cristãos. Como por exemplo, O pastor de Hermas e o Didaquê.
A principal autoridade religiosa para os primeiros cristãos não era um livro, mas a vida e os ensinamentos orais de Jesus. E os especialistas em estudos bíblicos concordam que foi somente a partir do século II d.C., que começou a se registrar escrituristicamente o que Jesus fez e ensinou. "O que Jesus disse e fez era em sentido muito real o "cânone" (autoridade definitiva) para os seus seguidores" (MCDONALD, 2013, p. 133).
Podemos supor que a ideia "sola scriptura" (somente a Escritura) tão defendida pela Reforma Protestante do século XVI, era algo estranho para os primeiros seguidores de Jesus. Já que eles ainda não tinham uma coleção fechada de livros sagrados.
Será que a Bíblia é realmente a Bíblia? Considerando o contexto histórico do cristianismo antigo, é possível afirmar que existiram várias Bíblias. Quando em um lugar não existe consenso sobre o que é ou o que não é "regra de fé", abre-se uma brecha para que um indivíduo ou grupo escolha (segundo a sua opinião) à literatura sagrada que mais lhe convenha ou agrade. Existiram vários evangelhos, várias epístolas ou cartas e vários apocalipses. Mas no meio de toda essa avalanche literária o que é verdadeiro ou falso?
Historicamente à primeira pessoa que tomou à iniciativa de criar um cânon bíblico cristão foi Marcion de Sinope, que foi considerado como "herege" pela liderança religiosa da Igreja antiga. É bom esclarecer que herege era um termo pejorativo que a Igreja dominante usava para desqualificar qualquer indivíduo que pensasse diferente dela. Ou seja, nem todos os que eram chamados de hereges poderiam ser considerados como tais. E provavelmente houve muitas injustiças!
"Marcion é a primeira pessoa conhecida por nós que publicou uma coleção fixa do que viríamos a chamar de livros do Novo Testamento. Outros podem tê-lo feito antes dele. Se o fizeram, disso não ficou registro ou conhecimento. Ele rejeitou o Antigo Testamento, alegando que não tinha relevância ou autoridade para os cristãos. Sua coleção, por isso, se apresentava como uma Bíblia inteira. Marcion nasceu por volta de 100 d. C. em Sinope, porto marítimo na costa da Ásia Menor do mar negro. Seu pai foi um dos líderes na igreja daquela cidade. Foi criado na fé apostólica. De todos os apóstolos, o que mais fortemente apelava ao seu gosto era Paulo, a quem ficou apaixonadamente devotado, concluindo, por fim, que fora o único apóstolo a preservar o ensino de Jesus em sua pureza. Ele abraçou com inteligencia e ardor o evangelho paulino da justificação pela graça divina, sem qualquer obra da lei. [...] Além de considerar Paulo o único apóstolo fiel de Cristo, Marcion sustentava que os apóstolos originais haviam corrompido o ensino de seu Mestre com uma mistura de legalismo. Ele foi além de rejeitar o Antigo Testamento; ele distinguiu entre o Deus do Antigo Testamento e o Deus do Novo Testamento. Esse distinção de duas divindades, cada uma com sua existência independente, trai a influência do gnosticismo no pensamento de Marcion" (BRUCE, 2015, p. 123).
Sem dúvida Marcion foi uma ameaça para à ortodoxia da Igreja cristã
antiga. Aqui é possível afirmar
que a "heresia" contribuiu, de certa forma, para despertar os
cristãos sobre a importância de ter uma coleção fechada de livros sagrados.
As ideias de Marcion foram rejeitadas pela Igreja, e ele foi excomungado da
Igreja, e com algum tempo fundou sua própria comunidade religiosa.
"A Bíblia de Marcion" era composta pelos seguintes livros: Gálatas, Corintios (1 e 2), Romanos, Laodicenses (= Efésios), Colossenses, Filipenses e Filemon. Nem todas as epístolas do apóstolo Paulo estão nesta lista. Por trás de tudo isso existe algo chamado de sentimento de revolta contra a religião dominante.
"A Bíblia de Marcion" era composta pelos seguintes livros: Gálatas, Corintios (1 e 2), Romanos, Laodicenses (= Efésios), Colossenses, Filipenses e Filemon. Nem todas as epístolas do apóstolo Paulo estão nesta lista. Por trás de tudo isso existe algo chamado de sentimento de revolta contra a religião dominante.
Mas essa história não termina aqui na parte III continuaremos!
Fontes:
BRUCE, F.F. O cânon das
Escrituras. Hagnos, 2015.
MACDONALD, Lee Martin. A
origem da Bíblia. Paulos, 2013.