O alemão Friedrich Nietzsche é famosamente conhecido como o filósofo que anunciou a "morte de Deus", e por causa disso, muitos o consideram como ateu e inimigo de qualquer tipo de religião. Mas será que isso procede? Será que não existiu algum tipo de religiosidade no autor de Assim falou Zaratustra?
O presente texto é uma breve reflexão filosófica e tem como referência a obra Religião em Nietzsche: "Eu acreditaria somente num Deus que soubesse dançar", de Mauro Araujo de Sousa. O objetivo é mostrar que nem tudo o que ouvimos falar sobre Nietzsche condiz com a verdade. Que é possível sim encontrar algum tipo de religiosidade em pessoas céticas, ou seja, céticas em relação a um tipo de Deus, mas a outros não.
Sem dúvida Nietzsche foi um dos pensadores mais importantes do século XIX, suas obras até hoje "fazem a cabeça" de muita gente. Ele nasceu em uma família luterana e seu pai foi ministro luterano. Nietzsche até pensava em seguir carreira eclesiástica, mas mudou de ideia ao ter um encontro com a filosofia. Talvez em algum momento de sua vida ele tenha se decepcionado com a religião de sua família e com isso passou a seguir por outro caminho.
O "deus dançarino" de Nietzsche poderia ser um deus que se movimenta e que está na Terra, em muitas situações ele se fundiria com à própria terra. Se existisse uma "religião nietzschiana ela seria essencialmente imanente", isto é, procuraria religar o homem não com o céu, mas com à própria vida terrena. É muito provável que Nietzsche criticava o cristianismo pela influência do dualismo platônico, que indiretamente, foi incorporado no pensamento cristão. Um dualismo que não "religa" mas faz separação. Espírito e corpo, vida e morte, céu e terra. Dualismo era algo que Nietzsche detestava!
Um retorno ao paganismo? Difícil afirmar. Estar em harmonia com à natureza sempre foi uma prática das religiões antigas. "Deus é tudo, e tudo é deus". Não está comprovado se Nietzsche abraçaria o antigo paganismo, mas uma religiosidade que defende o estar em contato permanente com à natureza, pode ter alguma semelhança com o paganismo. Uma religiosidade da Terra e não do céu.
É complexo falar de religião em Nietzsche, mas esta breve reflexão mostra que em pessoas céticas pode existir algum resquício de religiosidade.
Fonte:
SOUSA, Mauro Araujo de. Religião em Nietzsche: "Eu acreditaria somente num Deus que soubesse dançar". São Paulo, Paulus, 2015.
Sem dúvida Nietzsche foi um dos pensadores mais importantes do século XIX, suas obras até hoje "fazem a cabeça" de muita gente. Ele nasceu em uma família luterana e seu pai foi ministro luterano. Nietzsche até pensava em seguir carreira eclesiástica, mas mudou de ideia ao ter um encontro com a filosofia. Talvez em algum momento de sua vida ele tenha se decepcionado com a religião de sua família e com isso passou a seguir por outro caminho.
"O interesse nessa reflexão não é postar Nietzsche frente a denominações religiosas, a partidos religiosos, os quais se fazem a voz de muitas denominações religiosas do Oriente e do Ocidente. Por isso, é muito importante, também nesse viés, que os "deus" em que Nietzsche acreditaria, e que de certo modo já se faz presente - e essa é a leitura aqui - , seja um "deus" completamente diferente de muitos outros aos quais estamos acostumados. [...] Esse "deus' não precisa de nós... Quanto a muito de nós, queremos, e tentamos várias vezes, escapar desse "deus" ... O "deus dançarino" de Nietzsche... Uma provocação... " (SOUSA, 2015, p. 31).Falar de religião em Nietzsche não é algo muito fácil, isso por que ele faz severas críticas a todos os tipos de religião, em destaque ao Cristianismo. Religião vem da palavra religare, isto é, fazer uma ligação com o que foi desligado. Os homens criam suas religiões com o objetivo de fazerem uma religação com o transcendente ou divino. Os deuses que os homens estão acostumados em conhecer não vivem na terra, mas em um lugar superior.
"Daí, entendemos que o deus de Nietzsche, que está em Dionísio, que está em todos nós que está na vida, no cosmo enfim, é um deus chamado vontade de potência" (SOUSA, 2015, p. 56).O "deus dançarino" que Nietzsche poderia acreditar está em todas às parte da terra e da vida humana. Esse deus está sempre em movimento, mudando e evoluindo. Ele habita no mundo e no homem. Na visão nietzschiana à vida humana é sagrada, e é com essa vida sagrada que o religioso nietzschiano deve se religar. "Ora, para Nietzsche, não deve existir uma religião separada da natureza" (SOUSA, 2015, p. 57).
Um retorno ao paganismo? Difícil afirmar. Estar em harmonia com à natureza sempre foi uma prática das religiões antigas. "Deus é tudo, e tudo é deus". Não está comprovado se Nietzsche abraçaria o antigo paganismo, mas uma religiosidade que defende o estar em contato permanente com à natureza, pode ter alguma semelhança com o paganismo. Uma religiosidade da Terra e não do céu.
É complexo falar de religião em Nietzsche, mas esta breve reflexão mostra que em pessoas céticas pode existir algum resquício de religiosidade.
Fonte:
SOUSA, Mauro Araujo de. Religião em Nietzsche: "Eu acreditaria somente num Deus que soubesse dançar". São Paulo, Paulus, 2015.