Seguidores de cada visão religiosa de mundo devem fazer perguntas críticas não apenas sobre as verdadeiras afirmações de sua própria visão de mundo, mas também sobre como veem as afirmações de verdade de outras religiões. Esse é uma assunto de vital importância porque, embora estejam de acordo em algumas questões, as religiões também discordam em relação a muitas coisas (SWEETMAN, 2013, p. 154).
Em um mundo globalizado que está constantemente conectado por meio da internet e das redes sociais, é impossível não se envolver em alguma discussão, por mínima que seja, em que crenças religiosas não estejam no centro da atenção. E também quando alguém tem a oportunidade de sair do Brasil e conhecer outros países e culturas, direta ou indiretamente conhecerá crenças religiosas que geralmente são diferentes das suas, e é nesse momento que as dúvidas e os questionamentos surgem.
Existem três abordagens dentro da filosofia da religião que tentam analisar o problema da diversidade religiosa, são elas: 1. Exclusivismo religioso; 2. Pluralismo religioso; 3. Inclusivismo religioso. Vejamos cada uma dessas abordagens de forma resumida.
1. Exclusivismo religioso é visão que o caminho correto para a salvação só pode ser encontrado em uma única religião. Essa é a visão defendida pela Igreja Católica e por várias igrejas protestantes. Para esses grupos somente os acreditam em Jesus Cristo podem ser salvos e com isso alcançar a eternidade. Em outras palavras, "fora da fé cristã não existe salvação". Mas como ficariam os milhões de judeus, muçulmanos, budistas, hindus que não acreditam em Jesus como os cristão creem? E sem falar da multidão de pessoas que durante a história nunca souberam da existência de Cristo?
Sweetman diz que:
Os exclusivistas religiosos defendem que pode haver verdades profundas em outras religiões, mas a sua principal afirmação é de que não se pode alcançar a salvação seguindo a religião errada. Só porque uma religião está certa em alguns pontos não significa que, em geral, contenha as crenças e ações corretas que levariam à salvação. Para o exclusivista, julgar se a outra religião está certa em algumas questões vai depender de ela concordar com a religião correta nessas questões; por exemplo, um muçulmano que apoia o exclusivismo pode crer que o cristianismo esteja certo ao acreditar que Deus é todo-poderoso, mas negar o cristianismo possa conduzir à salvação (SWEETMAN, 2013, p. 158).
Podemos ver que quando um grupo religioso defende a visão exclusivista, ele pode ter atitudes de intolerância religiosa. E a história ocidental é cheia de relatos de guerras, mortes e massacres feitos em nome de alguma religião. Isso tudo simplesmente porque algum grupo religioso se diz detentor da verdade divina, mas que verdade divina é essa que não consegue enxergar a diversidade que existe no mundo? É realmente uma verdade divina ou um mero capricho humano? Deixo essa resposta com você que está lendo este texto.
O pluralismo religioso é a visão de que há muitos caminhos diferentes à salvação nas várias religiões do mundo, e, assim, todas elas têm certa legitimidade. (SWEETMAN, 2013, p. 161).
Essa posição, portanto, sustenta que a salvação depende de um ato especifico - a morte e ressurreição de Jesus, por exemplo - ser metafisicamente verdadeiro (realmente aconteceu na história e realmente teve determinado efeito), mas não é necessário acreditar que esse evento tenha ocorrido, nem mesmo ser membro da religião que tem a visão correta do que tinha que acontecer para a salvação ser possível (metafisicamente). O que importa é que se viva uma vida moral, o que é possível fazer em muitas visões de mundo diferentes (não necessariamente em todas), e que se lute por estabelecer uma relação verdadeira com Deus, que se revela em muitas religiões, em certa medida, mesmo que imperfeitamente (SWEETMAN, 2013, p. 165).