Diferentemente, em um Estado laico o crente tem a liberdade de
praticar a sua fé. E os descrentes, sejam eles ateus e agnósticos, podem manifestar a sua
descrença com relação as religiões e deuses. É importante saber que sempre existiu na história da humanidade pessoas que questionavam e negavam a existência das divindades populares. Por exemplo, na Grécia antiga havia pensadores que não davam muito crédito aos deuses que constituíam o panteão mitológico grego.
E na atualidade a situação não é muito diferente. Milhões de pessoas que por algum motivo seja intelectual, emocional e psicológico, abraçaram o ateísmo como filosofia de vida. E afirmam que estão muito satisfeitas com a escolha que fizeram.
O presente texto tem como objetivo oferecer ao leitor um conhecimento básico sobre a visão de mundo ateísta e também pensar sobre a possibilidade de haver uma moralidade e uma espiritualidade sem Deus.
1. COMO O ATEÍSTA VÊ O MUNDO?
E na atualidade a situação não é muito diferente. Milhões de pessoas que por algum motivo seja intelectual, emocional e psicológico, abraçaram o ateísmo como filosofia de vida. E afirmam que estão muito satisfeitas com a escolha que fizeram.
O presente texto tem como objetivo oferecer ao leitor um conhecimento básico sobre a visão de mundo ateísta e também pensar sobre a possibilidade de haver uma moralidade e uma espiritualidade sem Deus.
1. COMO O ATEÍSTA VÊ O MUNDO?
Podemos dizer que o ateísta é um indivíduo que
nega à existência de qualquer tipo de divindade. Para ele é incoerente acreditar
em seres divinos cuja à existência não pode ser comprovada. Tudo que o acontece
no mundo deve ser entendido e compreendido a partir da racionalidade humana e da
ciência. Qualquer coisa que fuja desse padrão deve ser descartada. As várias ideias sobre divindades, segundo o ponto de vista ateístas, não podem ser comprovadas e por isso são irrelevantes.
Assim como no universo religioso existem crentes
radicais e moderados; semelhantemente entre os ateístas existem esses dois
grupos. Os ateístas radicais odeiam as religiões e não poupam esforços para combatê-las
e destruí-las. Eles procuram convencer as pessoas sobre a inutilidade das crenças religiosas e do mal que elas podem fazer. Geralmente os radicais são fundamentalistas e intolerantes.
Já os ateístas moderados seguem outro caminho. Eles apesar de olharem para as divindades e as religiões como meras superstições humanas; não se sentem incomodados com a presença delas. Para que perder tempo tentando destruir algo que não existe? E se as crenças religiosas, de certa forma, ajudam as pessoas para que combatê-las? Geralmente os moderados são mais inclinados a serem tolerantes e democráticos.
Já os ateístas moderados seguem outro caminho. Eles apesar de olharem para as divindades e as religiões como meras superstições humanas; não se sentem incomodados com a presença delas. Para que perder tempo tentando destruir algo que não existe? E se as crenças religiosas, de certa forma, ajudam as pessoas para que combatê-las? Geralmente os moderados são mais inclinados a serem tolerantes e democráticos.
Mas seja radical ou moderado o ateísta não vê o
mundo como o teísta vê. O teísta olha para mundo fundamentado em suas crenças
religiosas. O ateísta olha para mundo fundamentando-se no naturalismo.
A visão de mundo através da qual o ateísta ponderado examina o mundo à sua volta é o “naturalismo”. Em contraste, a visão de mundo do teísta é o “supernaturalismo” (Walter, 2015, p. 49).
Quando se fala em naturalismo isso remete à
ideia de que tudo no mundo tem uma explicação natural e cientifica. Ou seja, se
quisermos saber como o universo, a vida animal e vegetal começaram a surgir;
temos que encontrar as respostas com base no que observamos no mundo, e não fora
dele. Mas, caso não exista respostas para determinados fenômenos naturais, o
ateísta crerá que com o avanço da ciência uma resposta poderá surgir
futuramente.
Em contraste, o supernaturalismo é a ideia de
que além do mundo natural existe um mundo espiritual. Essa visão não nega a importância
do mundo natural e do avanço cientifico, entretanto, o mundo natural limita-se as
coisas terrenas e não satisfaz os anseios mais íntimos dos homens. Nesse
sentido, os teístas defendem que a crença na existência de Deus pode proporcionar
respostas para os indivíduos.
“O naturalismo pode ser descrito como a crença em que o mundo natural é um sistema fechado: nada existe fora dele, assim nada de fora o influencia. Em contraste, os supernaturalistas adotam uma visão de mundo cuja crença mais profunda é que a realidade é dualisticamente aberta, divisível em domínios naturais e supernaturais que interagem de uma forma ou de outra. [...] Saber exatamente como o natural e o sobrenatural interagem um com o outro e onde os limites de um termina e o outro começa é até certo ponto um mistério (Walter, 2015, p. 56) ”.
Pode-se perceber que não existe um combate
entre ciência e religião, mas sim entre crenças pessoais subjetivas. Contudo, a
visão de mundo naturalista tende a ser menos confusão do que a visão de mundo
sobrenatural. Isso porque a primeira procura ser mais lógica e coerente com a
realidade; já a segunda tem muitas dificuldades em explicar certos fenômenos “sobrenaturais”
com base em pressuposto científicos, ela parte mais da fé religiosa pessoal.
2. MORAL SEM DEUS.
2. MORAL SEM DEUS.
Será que os ateístas por negarem a existência de
qualquer tipo de divindade devem ser vistos como pessoas imorais e cheia de
maldade? E os crentes seriam sempre amáveis e moralmente corretos só porque acreditam
na existência de um Deus transcendente? Certamente não. A vida tem mostrado que
tanto os ateus como os crentes são capazes de praticar atos de benevolência,
altruísmo e caridade; como também serem capazes de matar e fazer injustiças.
Em outras palavras, com ou sem Deus qualquer ser humano pode fazer o bem ou o
mal.
Mas isso levanta uma pergunta: será que Deus é
necessário para a moralidade? Fundamentando-se em suas respectivas visões de
mundo e em suas “convicções pessoais”, ateístas e teístas teriam respostas
muito divergentes. Sem dúvida os primeiros afirmariam que é perfeitamente possível
existir uma boa conduta moral sem Deus; mas os segundos rebateriam dizendo que
se Deus não existe, tudo é permitido. Infelizmente temos que reconhecer que no
campo da moral não existe convergência entre
ateísta e teístas.
Quais são as características de uma moral sem
Deus? Essencialmente ela é naturalista, humanista e relativista.
“É naturalista, firmemente fundamentada no entendimento do que significa ser uma pessoa. [...] A moralidade ateísta é humanista, fortemente centralizada no ser humano, não em Deus. Suas metas são terrenas, não celestes. Uma moralidade independente de Deus defende valores objetivos no sentido de estarem racionalmente fundamentados e não serem subjetivos. Mas esses valores também são flexíveis o bastante para levar em consideração circunstancias atenuantes que surgem de contexto, agente e situação. Em suma, os valores ateístas são relativos, não absolutos” (Walters, 2015, p. 168).
É possível ver que em uma moral sem Deus o indivíduo
está livre para criar os seus próprios padrões de conduta moral e ética. Esse tipo
de moralidade parte do pressuposto de que “o
homem é o centro de todas as coisas”. Ele é senhor e juiz de sua própria
vida, e não deve satisfação a nenhum tipo de divindade. Não existe a ideia de um
suposto céu ou inferno que o constranja a mudar de conduta. Tudo depende dele e
de mais ninguém.
3. ESPIRITUALIDADE SEM DEUS.
3. ESPIRITUALIDADE SEM DEUS.
O “ateísta místico” é uma nova categoria de
descrente que tem surgido na sociedade contemporânea. Entretanto, a espiritualidade
ateísta não é religiosa, mas secular. Ou seja, é uma espiritualidade que “religa”
com à natureza e faz com que o mistico seja unido a ela. E isso produz o que alguns especialistas
chamam de “experiência de pico”.
“Essas experiências de pico trazem uma sensação de interligação com o universo e também de profundo deslumbramento com o puro mistério da existência, o fato inescrutável, mas maravilhoso, de que as coisas são. Apreço, gratidão e o sentimento de ter aprendido algo importante e libertador acompanhada tipicamente as experiências” (Walters, 2015, p. 198).
Talvez a área da espiritualidade possa ser uma
ponte de aproximação entre ateístas e teístas. Mas a diferença é que o ateísta se
“religa” com a natureza e não com alguma divindade. Supostamente, as experiências
de pico nascem da contemplação que o ateísta místico faz do universo. Há um
tipo de mistério no universo que faz o místico se sentir parte do todo.
Considerando todos esses fatos, podemos dizer
que existe uma certa aproximação entre a espiritualidade ateísta e o Budismo.
Mas por que? No Budismo (mais especificamente no Zen budismo) não há necessidade de comunicação com nenhuma
divindade. Ao meditar, o budista procura “limpar” a sua mente de todos os
pensamentos negativos que lhe possam causar algum sofrimento. Nesse exercício meditativo
o budista procura estar em harmonia com o seu “eu” interior o qual está ligado
ao universo.
Podemos concluir que é possível, sim, existir uma
espiritualidade sem Deus. Uma espiritualidade que é terrena e não celestial,
que faz o indivíduo ficar admirado com a beleza e a grandeza do universo.
Fonte.
WALTERS, Kerry. Ateísmo: um guia para crentes e não crentes. São Paulo: Paulinas, 2015.Fonte.