Saber o que pode acontecer no futuro sempre foi e será uma tarefa complexa, isso porque nenhum de nós possui o controle sobre os acontecimentos futuros. No máximo o que podemos é levantar algumas hipóteses com base no que vemos no presente. Pois o presente é o resultado do que aconteceu no passado, e o futuro dependerá do que acontecer agora no presente. E quando se fala no futuro das religiões temos que seguir a mesma linha de raciocínio.
Por exemplo, o cristianismo ainda é a maior religião do mundo; isso em número de seguidores. Mas será que daqui há cinquenta anos ela continuará com esse status? Talvez não. E o que falar das outras religiões? Há conjecturas de que o Islã tome o lugar do cristianismo e se torne a maior religião do mundo, mas nada pode ser afirmado com absoluta certeza. As ciências sociais ensinam que à medida que o tempo passa as sociedades sofrem mudanças em suas estruturas, e esse processo afeta diretamente as religiões, pois elas também fazem parte das sociedades humanas. Em outras palavras, a religião de hoje não será à mesma de amanhã.
O presente texto tem o principal objetivo de provocar uma reflexão filosófica sobre o futuro das religiões; e também saber o que elas podem fazer para sobreviverem em um mundo que vive em constantes mudanças.
As religiões nunca mais foram as mesmas depois
do progresso cientifico. Antes do advento da ciência quase tudo no mundo era
explicado a partir dos conceitos religiosos. A origem do homem e do universo
eram explicados conforme os ditames dos livros sagrados. Mas na medida que os
tempos foram se seguindo as explicações religiosas foram perdendo sua
credibilidade. A fé religiosa mostrou-se incompetente para responder muitas
perguntas. A sociedade passou a usar à ciência e seus métodos para tentar
explicar, de uma forma mais racional, os mistérios do mundo.
Hoje um dos maiores adversários das religiões é
o secularismo, que a grosso modo pode ser definido como uma tendência em
explicar o mundo de forma racional, sem precisar do auxílio das crenças
religiosas. Vários países, mais especificamente europeus, são seculares em seu
modo vida. Neles as crenças religiosas já não tem muita importância. Não que
elas foram extintas por completo, mas que já não tem muita relevância na vida
de boa parte da população europeia.
“As
ideias sobre sagrado estão em declínio, de modo que aquilo que antigamente era
visto como algo especial torna-se algo de gracejos de humoristas. As questões
sociais e pessoais com as quais a religião se ocupava são hoje remetidas a
assistentes sociais e psicólogos. As instituições religiosas tradicionais estão
em decadência e os jovens voltam-se para os novos movimentos religiosas e seus
cultos”.[1]
Qualquer sistema religioso pode se desgastar
com o tempo e se tornar irrelevante para as futuras gerações. Um cristianismo, um
judaísmo, um islamismo, um budismo e um espiritismo que não conseguem se “revitalizar”
e se adaptar aos novos tempos; com certeza não terão um futuro promissor, e
entrarão na lista das “religiões que o mundo esqueceu”.
Sim caro leitor, existem religiões que o mundo
esqueceu e se transformaram em peças de museu! Onde estão as religiões dos egípcios,
sumérios, gregos, romanos, celtas, maias e dos incas? Nos museus e nos livros
de histórias. Em outras palavras, são religiões mortas que não são praticadas e
vivenciadas por ninguém. Hoje são apenas objetos de estudo de historiadores e arqueólogos.
Mas existe dentro das religiões contemporâneas um
movimento de oposição ao avanço do secularismo, que é o fundamentalismo. “O fundamentalismo tem como meta fornecer um
espaço para a expressão autentica da fé e reage política e socialmente contra o
materialismo e o relativismo e hoje usa a tecnologia moderna para alcançar seus
objetivos”[2]
O religioso fundamentalista é um militante. E
ele fará de tudo para defender suas crenças, até usar à violência se for
necessário. Não se sabe até que ponto o fundamentalismo é eficaz na luta contra
o avanço do secularismo, no entanto, os efeitos são mais negativos do que positivos.
Na obsessão de proteger a fé, em meio ao conflito, milhares de pessoas acabam
sendo atingidas e com isso perdendo suas vidas.
Acredito que um caminho mais eficaz para
preservação das tradições religiosas seja o caminho da ética e não o da força.
Quando cristãos, judeus, muçulmanos, budistas e outros religiosos preocupam-se mais
com o bem-estar da sociedade e não tanto com os seus dogmas, sem dúvida, as
religiões serão mais relevantes e terão um futuro certo.
“Se a
religião continuar a empenhar-se na transformação dos indivíduos e da sociedade
por meios pacíficos, seu futuro está garantido, mas o uso da força não é compatível
com o que os fundadores das religiões pregaram e significa adotar os valores do
conquistador”[3]
Concluindo, sempre será uma tarefa complexa prever o futuro de alguma coisa. O mundo dá muitas voltas; e o que defendemos hoje como certo pode futuramente ser visto como equivocado. Mas se as religiões quiserem sobreviver no futuro terão que fazer muito mais, além de defenderem somente os seus dogmas.