19 de abril de 2017

APOCALIPSE - Uma breve introdução a um dos livros mais controvertidos da literatura cristã

Se existe um livro que causa medo em algumas pessoas esse é o Apocalipse. Uma das principais causas para isso é talvez o sensacionalismo que o cinema e alguns meios de comunicação tem feito em cima deste livro durante algum tempo. E também (que não poderia deixar de ser mencionado), os sermões apavorantes e mal preparados de certos líderes religiosos. Agora, por trás de tudo isso existe uma "complexidade hermenêutica", ou seja, o Apocalipse não é um texto de fácil compreensão e interpretação. Ele é tão complexo que durante à história da análise bíblica surgiram várias escolas de interpretação. Que diga-se de passagem, mais atrapalham do que ajudam. 

O objetivo deste texto é tentar fazer do Apocalipse uma literatura simples e de fácil compreensão. E mostrar que de forma alguma ele fala do "fim do mundo", pelo contrário, à sua mensagem é voltada principalmente para à vida presente, aqui e agora.  

1. O CONTEXTO HISTÓRICO.
Segundo à tradição cristã o autor do Apocalipse foi o apóstolo João. Mas, existe outro ponto de vista de que foi outra pessoa (que também era conhecido como João, mas não era um dos apóstolos de Cristo) que escreveu as revelações do Apocalipse. O maior argumento para isso é que se compararmos o estilo literário do Apocalipse com o estilo literário do evangelho de João, se constatará uma grande diferença entre ambos. O Apocalipse é essencialmente simbólico, e o evangelho é narrativo. Com isso levanta-se a hipótese de que não foi o mesmo autor que escreveu as duas literaturas, mas pessoas diferentes. No entanto, não vamos perder tempo com esse detalhe. O foco principal é tentar compreender o texto apocalíptico. 

Cronologicamente (mas sem muita comprovação) o apocalipse foi escrito entre os anos 80 e 90 d.C., ou seja, quase no final do primeiro século da era cristã. Se realmente foi o apóstolo João quem escreveu essa literatura, então ele foi o último dos apóstolos que ainda nesta época estava vivo. Ele se encontrava exilado em uma ilha chamada Patmos. A causa deste exílio foi à perseguição feita pelo imperador Domiciano. Os cristãos não veneravam as divindades pagãs dos romanos e nem reverenciavam o imperador com deus. Esta atitude dos antigos cristãos gerou antipatia e a hostilidade do governo contra eles. Assim, muitos foram presos, mortos ou exilados, como foi a caso de João.

"O repúdio à autoridade mais elevada no império era considerado traição punível por meio de execução ou exílio. Para os cristãos, a mais elevada autoridade sobre a terra e no céu era o Senhor Jesus Cristo. render homenagem ao imperador equivalia a abandonar o Mestre que os redimiu. Para os romanos, o Cristianismo se tornara uma religião exclusivista que não tolerava nenhuma compromisso, pois seus seguidores falavam do reino de Deus, no qual Jesus governava como rei. Em virtude de sua adesão à fé cristã, os cristãos como uma classe tinham que suportar perseguição nas mãos do oficiais romanos que eram designados a reforçar a religião do estado em cada cidade e vila. Esses oficiais tinham a autoridade de punir as pessoas que se recusassem a honrar a César, executando-os ou os exilando-os" (KISTEMAKER, 2004, p. 57).

A forma mais coerente de se entender o Apocalipse é justamente entendendo o contexto histórico, político e social onde ele foi gerado. Quando isso é levado em consideração muitas "crendices" e "superstições" são desfeitas. O Apocalipse de João é endereçado a sete comunidades cristãs que estão passando por vários problemas internos e externos. São elas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia. Mas é necessário afirmar que as únicas coisas que existem dessas comunidades hoje são somente as ruínas. Essas comunidades deixaram de existir há muito tempo. 

Boa parte do simbolismo do Apocalipse deve ser entendido como uma resposta de Deus à opressão política e religiosa que os cristãos estavam sofrendo por parte dos romanos. A mensagem apocalíptica não está falando, essencialmente, das coisas do futuro que ainda iriam acontecer. Mas sim, da realidade do mundo presente. Em suma, à mensagem apocalíptica é para a vida presente e não para um futuro distante. 

2. AS CHAVES PARA LER E INTERPRETAR O APOCALIPSE.
A palavra Apocalipse significa ”revelação”, mas quando ele é aberto parece que não há muita coisa para ser revelada. Este livro tem um emaranhado simbólico e figurativo que causa muita confusão na cabeça das pessoas. Esse é o principal motivo que faz o Apocalipse não ser uma literatura de fácil compreensão, e com isso as pessoas desistem de lê-lo.  

"Ao abrir o Apocalipse ficamos impressionados. Muita gente se assusta e desiste. Alguns acham que o fim do mundo está próximo. Outros utilizam esse livro para condenar pessoas e religiões. Outros, ainda, acham que o Apocalipse aconselha os empobrecidos a desistir da luta, pois só na outra vida é que as coisas poderão mudar. [...]. Então a gente se pergunta: Será que vale a pena começar a ler o Apocalipse? E se vale a pena, quais são as chaves que abrem as portas dessa "casa"? E, uma vez abertas as portas, o que fazer, de modo que o Apocalipse não se torne uma "casa assombrada", cheia de fantasmas e de pesadelos? (BORTOLINI, 2016, p. 7).

Sem dúvida os destinatários para os quais o Apocalipse foi endereçado, compreendiam muito bem todo o simbolismo dele. No entanto, o leitor contemporâneo não consegue entender muita coisa. A explicação para isso é que o autor do Apocalipse não tinha o propósito de escrever para às futuras gerações de cristãos. O objetivo dele era resolver uma situação especifica do seu tempo e contexto. 

Mas isso não é motivo para desanimar. Felizmente há uma vasta literatura escrita que auxilia na pesquisa e estudo do Apocalipse. Com isso vejamos as sete chaves para se ler e entender o Apocalipse de um modo simples e prático.

a) O Apocalipse como um livro de resistência: Resistir contra quem? Contra à opressão e injustiça do imperialismo romano. Quando o Apocalipse foi escrito as comunidades cristãs estavam sendo oprimidas e perseguidas pela tirania do Império romano. O simbolismo do Apocalipse servia como uma espécie de "código secreto" que somente os cristãos entendiam. A mensagem apocalíptica é um estimulo para que as comunidades se unissem e resistissem contra o governo romano opressor. Essa chave mostra que o Apocalipse não é um livro que incentiva à alienação, ou seja, que os cristãos ficassem parados apenas "sonhado" com uma vida melhor no céu, e que tivessem uma atitude de indiferença para as coisas da vida presente. O Apocalipse é um livro de resistência e não de alienação. 

b) O Apocalipse como um livro de denúncia profética: A denúncia é uma característica dos profetas.  Os profetas do Antigo Testamento denunciavam a injustiça e a opressão por parte dos governos injustos. O autor do Apocalipse toma emprestado essa virtude dos antigos profetas e a aplica à situação em que ele e os outros cristãos estavam enfrentando. "E isso que o livro do Apocalipse deseja ser: um livro de denúncia profética que leva a resistir. Sem essa chave ele perde toda a força que estimulou os profetas do passado e do presente" (BORTOLINI, 2016, p. 9). 

c) O Apocalipse como livro de celebração"Feliz aquele que lê e aqueles que escutam as palavras desta profecia, se praticarem o que nela está escrito. Pois o tempo está próximo" (Ap. 1.3). Se Cristo venceu, os seus servos também venceram. Essa é a mística do Apocalipse. E essa mística trás para os cristãos que estavam (e estão) sendo perseguidos e oprimidos à certeza que de a vitória sobre toda injustiça chegará. O Apocalipse fala de um novo céu e uma nova terra aqui e agora. O Apocalipse não afirma que o mundo acabará um dia. 

"O Apocalipse não deixa dúvida: a nova sociedade não é algo que Deus prepara na outra vida; pelo contrário, ela tem suas bases em nossa história. [...] O Apocalipse, portanto, não fala do fim do mundo, e sim do modo como Deus quer que seja a nossa sociedade hoje" (BORTOLINI, 2016, p. 10).

d) O Apocalipse como livro de testemunho: O cristão que resiste e denuncia o sistema político opressor, está colocando sua vida em risco. O martírio é um exemplo de testemunho de fé e de resistência contra à opressão e a injustiça do imperialismo romano. Sempre que o Apocalipse fala sobre a "besta, falso profeta e a Babilônia", ele está diretamente se referindo ao poder político e religioso dos romanos. Qualquer pessoa que não recebesse a marca da Besta, que talvez pudesse se referir ao culto ao imperador romano. Seria severamente perseguido e morto. Provavelmente vários cristãos perderam suas vidas por testemunharem que Jesus era rei e não César. 

e) O Apocalipse como livro de felicidade: O Apocalipse chamada de bem-aventurados, ou seja, felizes todos os que ouvem e aceitam a sua mensagem. Existem 7 bem-aventuranças por todo o livro do Apocalipse (1.3; 14.13;16.15; 19.9;20.6; 22.7; 22.14). O número 7 é sinônimo de perfeição. Isso mostra que à mensagem de felicidade apocalíptica é perfeita. 

f) O Apocalipse é um livro de urgência: A urgência não está atrelada à crença no fim literal do mundo. Isso é algo sem fundamento. A urgência apocalíptica está ligada as questões existências terrenas. É urgente resistir e denunciar contra à opressão do imperialismo romano. Não somente deste, mas também de qualquer tipo de imperialismo que apareça durante a história.

g) O Apocalipse um livro de esperança: O Apocalipse não traz medo. Pelo contrário, ele tem uma mensagem de esperança para os cristãos oprimidos. As comunidades que lutam por um mundo melhor são consoladas pela mensagem de esperança apocalíptica. O Apocalipse mostra que os inimigos da Igreja serão derrotados pelo poder do "Cordeiro de Deus", e Ele reinará pelos séculos dos séculos. Tudo isso está ligado a vida presente, e não a um futuro distante.   

Estas sete chaves tem o objetivo de proporcionar um entendimento mais simples e prático do Apocalipse. Elas procuram fazer do Apocalipse um livro mais imanente, isto é, mais perto da terra. E também mais próximo da realidade social e religiosa das comunidades cristãs contemporâneas. 


Fontes:
BORTOLINI, José. Como ler o Apocalipse. São Paulo. Paulos, 2016.
KISTEMAKER, Simon. Apocalipse: comentário do Novo Testamento. São Paulo. Cultura cristã, 2004.

2 de abril de 2017

A PRESENÇA PROTESTANTE NO BRASIL: Uma breve síntese histórica.


O protestantismo brasileiro foi gerado pelo protestantismo norte americano, que por sua vez foi gerado pelo puritanismo calvinista britânico do século XVII. Ou seja, os puritanos colonizaram, evangelizaram e implantaram sua cultura religiosa na América do norte, tornando-se assim um país culturalmente protestante. Muitos anos depois vários missionários americanos foram enviados para o Brasil. Com o objetivo de darem continuidade à missão de evangelizar os nativos brasileiros na fé cristã protestante.

O objetivo do presente texto é ser uma concisa fonte de conhecimento histórico para todos os interessados em saber como as Igrejas protestantes históricas chegaram ao Brasil e também, na medida do possível, servir de auxílio nas aulas do Ensino religioso. 


1. Protestantismo imigratório.

Houve durante o período do Brasil colônia duas tentativas  de colonização protestante. Uma feita pelos franceses que durou de 1555 a 1560, e outra realizada pelos holandeses que vai de 1630 a 1654. Entretanto, essas duas expedições caíram no fracasso. Só a partir de 1810, mais ou menos dois século depois, é que os protestantes vão conseguir conquistar algum espaço nas terras brasileiras. 

Os luteranos alemães foram os primeiros a imigrarem para o Brasil. Logo no inicio eles não estavam interessados em realizar alguma atividade proselitistas, isto é, conquistas novos adeptos para sua religião. Estavam com o objetivo de fixar residência, de preferência nas regiões sul e sudeste. 

"Esses luteranos, especialmente da região Sul do Brasil, não tiveram quase nenhum apoio de sua matriz na Alemanha. Eles eram agricultores de pouca escolaridade e a religião era o seu espaço de identidade social. Por isso, organizaram-se numa forma popular de religião, através de Igrejas autônomas que não foram consideradas plenamente igrejas. Permanecendo em grupos, conservando sua língua e tradição. Desse modo, constituíram um protestantismo de imigração, camponês e de língua alemã, que praticavam através de arranjos possíveis" (DOMEZI, 2015, p. 146).
Não era fácil ser imigrante luterano em um país majoritariamente católico. A legislação brasileira de 1824 concedia uma certa liberdade religiosa para os estrangeiros, no entanto, os imigrantes luteranos não usufruíam plenamente de todos os direitos constitucionais. Além disso existia também o preconceito da população, que olhavam os luteranos como hereges e inimigos da Igreja. 

Com o passar do tempo os imigrantes luteranos foram se adaptando ao contexto brasileiro, e começaram lentamente a implantar a cultura protestante em várias regiões do Brasil. Além do Rio Grande do Sul foram progressivamente fixando residencia no Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo e no sul de Minas Gerais.


No inicio duas igrejas luteranas foram implantadas no Brasil: A Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB), e a Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB).  


Essas duas comunidades são as maiores representantes da fé protestante luterana no Brasil. No entanto, é possível que com o passar do tempo elas podem ter feito ou sofrido algum tipo de mudança teológica e litúrgica. Antropologicamente é possível afirmar isso. Toda religião que sai do seu lugar de origem, e se expande para lugares e contextos diferentes, será obrigada a fazer algum tipo de mudança. Caso contrário ela não conseguirá se adaptar ao novo contexto. Para mais informações sobre essas comunidades acesse esses links: IECLB , IELB   

2. As missões protestantes.

As missões protestantes só tiveram um avanço significativo com à chegada dos missionários americanos na segunda metade do século XIX. As comunidades luteranas que nesta época já estavam instaladas no Brasil, ficaram um tanto que fechadas entre si. Eram comunidades de alemães para alemães. Entretanto, com o passar dos anos, os luteranos perceberam à necessidade de terem um envolvimento mais próximo com os brasileiros, e abrindo suas portas para recebê-los.

Como falei no início desta postagem, o protestantismo brasileiro é "filho" do protestantismo americano. Os missionários americanos das mais diversas denominações (congregacionais, presbiterianos, metodistas, batistas, episcopais e como muito tempo depois os pentecostais), encontraram um momento muito oportuno para realizarem o seu trabalho missionário no Brasil.


Um dos fatores para essa abertura (que estrangeiros de igrejas não-católicas fossem recebidos no Brasil), foi o clima de tolerância religiosa que à legislação brasileira da época proporcionava. Ainda que catolicismo fosse à religião majoritária entre o povo brasileiro. Mas diga-se de passagem que essa tolerância não foi plena. Uma religião dominante nunca vai perder o seu status para outra religião concorrente.

"Essa imigração fez com que a Constituição brasileira de 1824, mesmo mantendo o catolicismo como religião do Estado, estabelecesse uma tolerância em relação aos outros cultos, como convinha a uma sociedade burguesa. Porém, era proibido a prática pública desses cultos, e os imigrantes não católicos eram considerados de segunda categoria, sem acesso a diversos dos direitos sociais" (DOMEZI, 2015, p. 142).
Como qualquer religião institucional o protestantismo tem dentro de si várias vertentes. Assim, é mais coerente falar em "protestantismo" no plural, do que protestantismo no singular. 

Essa postagem ficaria muito extensa se cada uma dessas vertentes fosse analisada. Um ponto convergente entre todas essas vertentes do protestantismo é que elas tem o mesmo objetivo: conquistar o maior número possível de pessoas para a fé cristã


Então darei ênfase ao trabalho missionário dos presbiterianos calvinistas. Mas por que? Por possuir um conhecimento histórico mais sólido sobre eles, e também pela significativa atuação na área da educação entre as pessoas mais pobres da sociedade. 


2.1. Ashbel Green Simonton - O implantador do presbiterianismo no Brasil.


O missionário americano Ashbel Green Simonton (1833-1867), foi o responsável pela implantação do presbiterianismo no Brasil em 1859. Essa vertente do protestantismo é muito fiel ao pensamento teológico-religioso do reformador francês João Calvino (1509-1564). 
Simonton começou suas atividades no Rio de Janeiro, onde, em 1862 fundou a primeira Igreja Presbiteriana no Brasil. O presbiterianismo foi o ramo do protestantismo que mais de expandiu em meados do século XIX. No entanto, foi sendo superado pelos batista já no inicio do século XX.
"Os presbiterianos brasileiros são fieis a João Calvino quanto ao governo eclesiástico. Organizam-se a partir de relativa autonomia da congregação local, num sistema federativo e piramidal de concílios. Cada congregação local tem um conselho de presbíteros leigos eleitos poe ela; um grupo de congregações locais forma um presbitério; um grupo de presbitérios forma um sínodo, e todos os presbitérios formam o supremo concílio ou assembleia geral" (MENDONÇA;FILHO. 2002, p. 36).
Como o passar do tempo, o presbiterianismo brasileiro foi se dividindo e engendrando outras denominações. No início haviam somente seis denominações presbiterianas, são elas: Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPI), Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU), Igreja Presbiteriana Conservadora (IPC), Igreja Presbiteriana Fundamentalista (IPF) e Igreja Presbiteriana Renovada (IPR).  Para mais informações sobre o presbiterianismo no Brasil acesse este link: Presbiterianismo no Brasil

2.2. A educação como estratégia missionária. 
O protestantismo histórico é essencialmente "uma religião do livro", ou seja, a Bíblia é a principal coluna da fé protestante. Então, para poder lê-la e interpretá-la é necessário que o individuo seja alfabetizado. Os missionários protestantes, e mais especificamente os presbiterianos, ao chegarem ao Brasil viram a carência educacional da população mais pobre. As pessoas eram, em sua maioria, analfabetas.
"A carência de instrução também era um notável empecilho ao aprendizado da doutrina protestante, todo ele calcado na leitura da Bíblia, livros, revistas e jornais, que logo começaram a ser publicados por iniciativa das missões. O cultos protestante, especialmente como foi introduzido aqui, é, ao contrário do católico essencialmente simbólico e ritualizado, caracteristicamente informal e discursivo. [...] Daí não ser difícil concluir que a evolução do protestantismo dependia, em grande dose, da alfabetização de seus adeptos atuais, e em potencial da criança" (MENDONÇA, 2008, p. 148).
Mas que tipo de educação foi essa? Quais foram os seus métodos pedagógicos? Essa educação conseguiu erradicar o analfabetismo entre as camadas mais pobres? Há pouquíssimos dados históricos que nos conduzam a uma afirmação concreta. Entretanto, é possível supor que essa educação seguia os padrões norte-americanos. 
"É justo pensar que parecia estar presente no espírito missionário a necessidade de reproduzir no Brasil o acontecido na América do Norte: se o êxito americano podia ser atribuído à colonização por povos protestantes, o Brasil podia ser colocado no mesmo caminho por via de um transplante cultural em todos os seus aspectos" (MENDONÇA, 2008, p. 163).
Será que se o Brasil tivesse sido colonizado pelos americanos, logo no início, ele seria um país melhor do que é hoje? Talvez sim. A America do Norte ainda é a maior potencia econômica do mundo. Logo no início à sociedade americana foi moldada por princípios éticos protestantes que até hoje fazem parte da vida de muitos americanos. É característico do protestantismo valorizar a educação. Quando um país não tem interesse pela educação a tendencia dele é ser um país atrasado e subdesenvolvido. 

Não é possível comprovar se as missões protestantes conseguiram introduzir à Bíblia como leitura habitual do povo brasileiro. Existiram muitos obstáculos como a intolerância por parte do catolicismo, que era a religião dominante, como o alto índice de analfabetismo da população. E sejamos sinceros, de lá para cá, à situação não mudou muito!



Fontes:

DOMEZI, Maria Cecilia. Religiões na história do Brasil. São Paulo. Paulinas, 2015.
MENDONÇA, Antonio Gouvêa. O celeste porvir: a inserção do protestantismo no Brasil. São Paulo. Edusp, 2008.
MENDONÇA, Antonio Gouvêa; FILHO, Prócoro Velasques. Introdução ao protestantismo no Brasil. São Paulo. Loyola, 2002.